domingo, 10 de fevereiro de 2013

*** Carlos Drummond de Andrade***



                  Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.


Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado
no momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repita até a exaustão
que me amas, que me amas, que me amas
do contrario evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
Desmentes,
apagas 
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.

Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta de reconhecer o dom amoroso, a perfeita maneira de saber-se amado: amor na raiz da palavra e na sua emissão amor saltando da língua nacional, amor feito som vibração espacial.


No momento em que não me dizes:
Eu te amo,

inexoravelmente sei

que deixaste de amar-me,

que nunca me amaste antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,

eu me precipito no caos,

essa coleção de objetos de não amor.
                                    ( Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

*** Mario Quintana***



                                                           A rua dos Cata-Ventos

                                            V
Eu nada entendo da questão social.
eu faço parte dela, simplesmente...
eu sei apenas do meu próprio mal,
que não é bem o mal de toda gente,

Nem é deste planeta...Por sinal
que o mundo se lhe mostra indiferente!
e o meu anjo da guarda, ele somente,
é quem lê os meus versos afinal...

E quando o mundo todo se esbarronda,
vivo regendo estranhas contradanças
no meu vago país de Trebizonda...

Entre os loucos, os mortos, e as crianças,
É la que eu canto, numa eterna ronda,
nossos comuns desejos e esperanças!...

(Mario Quintana) - 1940

     Obs: Trebizonda é uma cidade da Turquia localizada no Nordeste do País.

***Alberto Caeiro***




O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

                                (Alberto Caeiro) 
Obs:  Alberto Caeiro da Silva,  foi um Personagem fictício criado por (Fernando Pessoa)

***Vinicius de Moraes***

                                        

           Soneto a lua
Por que tens, Por que tens olhos escuros
e mãos languidas, loucas, e sem fim
quem és, que és tu, não eu, e estás em mim,
impuro, como o bem que está puro?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
num rosto como o teu, criança, assim?
quem te criou tão boa para o ruim
e tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me presa
a alma, que por ti soluça nua
e não és Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
vagabunda, patética e indefesa
ò minha branca e pequenina Lua!
               Livro: Novos Poemas, (Vinicius de Moraes) - 1938.

***Casimiro de Abreu***


                           III
(...) Teu rosto puro restitui-me a calma,
Ergue-me as crenças, que já vejo em pé;
 E teus olhares me derramam na alma
 Doces consolos de oração e fé.
Não serei triste; se te ouvir a fala
Tremo e palpito como treme o mar,
E a nota doce que teu lábio exala
Virá sentida ao coração parar.
Suspenso e mudo no mais casto enlevo
Direi meus hinos com suspiros teus,
E a ti, meu anjo, a quem a vida devo
Hei de adorar-te como adoro a Deus!!
                  1858( Casimiro de Abreu)



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

***Pablo Neruda***

     
NOS BOSQUES, perdido cortei um ramo escuro
 e os lábios, sedento, levantei seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino fendido ou um coração cortado.

Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente,coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida escuridão das folhas.

Por ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
e seu vagante olor subiu por meu critério

como se me buscassem de repente as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e me detive ferido pelo aroma errante.
           (Pablo Neruda)


Teresina-PI


    
   
                                        Minha Teresina
Ai meu Nordeste, tão belo, tão cheio de calor
Eu sei quem fizeste tão lindo, foi meu Senhor!
È no meu Nordeste onde vive uma moça pura e castra das mãos do homem,
Tão quente e tão calorosa,
Onde o sol passa tinindo na pele do caboclo,
Aonde tem dois rios que correm a deixando mais bela, o rio Parnaíba e o Poti e quem quiser ver esses dois juntinhos é só passar pelo Poti velho e fazer amizade com o  “Cabeça de Cuia”
É aqui aonde tem a cajuína cristalina das musicas de Caetano Veloso,
Teresina é o nome dela, Simplesmente Bela!
Suspiro embaixo de uma árvore, em cima um sol escaldante, em baixo uma sombra deliciosa, e penso - Minha Teresina, nunca vou te abandonar, pois meu Coração é Teresinense. 
      Eu sou piauiense!
E mesmo se algum dia ausentar-me de ti, minha Teresina! Jamais esqueça que eu sou sua, de coração!  E tu sempre serás minha,
 Minha terra!
Sempre serás inesquecível em meu peito e em minha mente.
       (Andressa Santos)